IMC
Digite o seu peso e a sua altura no formulário abaixo para calcular o seu IMC.
RESULTADOS LOTERIAS CAIXA
LOTOFÁCIL MEGA SENA QUINA DUPLA SENA
jovex

Polêmica sobre o valor nutricional dos orgânicos

SIGA @1NDICANET NO INSTAGRAM

Continuar lendo

Extraído do PortalOrgânico

Stanford retoma polêmica sobre o valor nutricional dos orgânicos
produção


Produtores de Parelheiros que estão deixando os agrotóxicos. Mais saúde
Tânia Rabello


Entre as matérias publicadas nos jornais e na web ontem, além de na TV, sobre o estudo realizado pelo Centro para Políticas de Saúde da Universidade de Stanford, pela médica Dena Bravata – identificando que não há evidências científicas consistentes de que os alimentos orgânicos sejam mais nutritivos do que os alimentos convencionais –, uma das que mais bem ponderaram o assunto foi a publicada no Estado de S. Paulo, na editoria Vida, escrita pela repórter Mariana Lenharo, que está completa, infelizmente, apenas na edição impressa.

E também o programa Em Pauta, comandado por Sérgio Aguiar, e debatido pelos jornalistas Gustavo Chacra, além de Mara Luquet e Eliane Catanhêde. Chacra destaca o "destaque" do estudo da universidade de Stanford: a própria pesquisa não crava que os alimentos orgânicos sejam tão nutritivos quanto os convencionais. "A pesquisa faz questão de dizer que 'talvez' sejam igualmente nutritivos". O problema é o tratamento que se dá a este tipo de notícia. 

Alguns sites investiram em títulos perigosos, como “Pesquisa põe em xeque vínculo entre produto orgânico e saúde”, publicado no Terra, discorrendo que não há diferença nutricional entre orgânicos e convencionais, ou outro título, “Alimentos orgânicos não têm mais nutrientes do que os convencionais”, publicado no site da Época.

Porém, ao longo dessas reportagens que citaram a pesquisa em Stanford, vários põem em segundo plano argumentos fundamentais em favor dos orgânicos. Ou é de pouca importância destacar – como lembrou o artigo do Estadão e também os outros dois citados – que os orgânicos representam risco 30% menor de contaminação por agrotóxicos e que, segundo o estudo de Stanford, nas carnes de frango e de porco orgânicas havia menos bactérias resistentes a antibióticos? Antibióticos são amplamente utilizados em criações convencionais como “promotores de crescimento”.

Muita gente confunde esses promotores de crescimento com hormônios. É bom frisar, aliás, que não se utilizam “hormônios” nas criações convencionais – que são proibidos, pelo menos no Brasil, e quem os utilizar estará infringindo a lei.

Entretanto, antibióticos são liberados e, em pequenas doses, são ministrados diariamente a esses animais, diretamente na ração. São esses antibióticos que, explicando de maneira simples, praticamente eliminam a flora intestinal benéfica (que filtraria nutrientes, privilegiando o equilíbrio do organismo) desses animais, permitindo que o alimento ingerido seja amplamente aproveitado e, com isso, o animal engorde com rapidez.

Outro ponto fundamental é todo o cuidado ambiental que os produtores orgânicos têm de ter em suas lavouras e criações - se não, simplesmente não conseguem a certificação e o selo emitido pelo Ministério da Agricultura.

A nutrição, afinal

De todo modo, sobre orgânicos e nutrientes já era sabido que não há diferença significativa entre ambos. O leitor do PORTAL ORGÂNICO deve ter visto a entrevista feita com a nossa coordenadora, a nutricionista Elaine Azevedo, especializada em orgânicos, na qual ela explica exatamente esta questão, que aflige tanto consumidores quanto não consumidores de orgânicos. Vale a pena reproduzir um trecho da entrevista e vamos lembrar que hoje, na GLOBO NEWS, às 20h, dra. Elaine dará entrevista sobre o tema no programa Em Pauta exatamente sobre este estudo.

PORTAL ORGÂNICO: Os alimentos orgânicos são mais nutritivos do que os convencionais?

DRA. ELAINE: Primeiro de tudo é bom lembrar que existem vários aspectos de qualidade do alimento orgânico. O valor nutricional é um deles. Mas existem outros, como toxicidade, que é o principal diferencial, durabilidade e características sensoriais, como sabor, cor e textura. Podemos dizer que, a princípio, os orgânicos não têm maior valor nutricional, e sim melhor valor nutricional. Vamos fazer uma relação com o ser humano. Quando comemos demais, não quer dizer que estejamos bem nutridos. Ao contrário. Pode surgir uma tendência à obesidade. E, se comemos pouco e mal, ficamos desnutridos. O ideal, então, é termos a qualidade e a quantidade de nutrientes adequada para a nossa espécie. Nas plantas é a mesma coisa. O solo deve fornecer o necessário, não o excesso. Um solo saudável, enriquecido com adubos orgânicos, é rico em muitos tipos de minerais. Os vegetais cultivados convencionalmente, à base de fertilizantes sintéticos – compostos unicamente de grandes quantidades de nitrogênio, fósforo e potássio de alta solubilidade, o adubo NPK –, acabam absorvendo grandes quantidades de nitrogênio do solo. Por isso, formam mais proteína, mas também mais nitrogênio livre, criando um desequilíbrio interno na planta. Esses vegetais que têm nitrogênio em excesso atraem mais pragas e por consequência tem-se que usar mais agrotóxicos para combatê-las. Ou seja, ter mais proteína não significa necessariamente ser um alimento mais saudável. Já a planta cultivada organicamente recebe e absorve somente os nutrientes de que precisa e tem um equilíbrio no valor nutritivo em geral. Não me refiro especificamente a carboidratos, lipídios e proteínas, que, tanto nos alimentos orgânicos quanto nos convencionais, são formados pela ação da luz solar, pela fotossíntese. Nisso eles podem ser muito semelhantes. Aliás, não são esperadas grandes diferenças de valor nutritivo entre orgânicos e convencionais.

PORTAL ORGÂNICO: Então o que diferencia o alimento orgânico do convencional em termos nutricionais, afinal?

DRA. ELAINE: É a qualidade do solo. Há pesquisas realizadas com alguns alimentos vegetais que comprovam a superioridade de minerais dos orgânicos. São poucas pesquisas ainda, mas nelas se provou que é no teor de mineral que o alimento orgânico pode se diferenciar do convencional. E existem estudos que mostram que o teor dos minerais nos alimentos diminuiu muito por causa dos métodos da agricultura convencional. Por isso os especialistas receitam cada vez mais suplementos sintéticos. Os solos estão pobres; os alimentos produzidos neles também.

PORTAL ORGÂNICO: Além do equilíbrio mineral, há mais alguma diferenciação entre o orgânico e o convencional?

DRA. ELAINE: Sim. Também é comprovado por meio de pesquisas que os alimentos orgânicos têm maior teor de fitoquímicos, substâncias como isoflavona, sulforaceno e licopeno, foco da nutrição funcional. No tomate orgânico, por exemplo, há maior teor de licopeno. Essas substâncias têm diferentes funções no organismo e na planta elas funcionam como um sistema de defesa; ou seja, o sistema imunológico da planta produz fitoquímicos. Os vegetais orgânicos têm que desenvolver um sistema de defesa mais eficiente porque não recebem o agrotóxico que controla as doenças. Novamente, comparando com o organismo humano, se o corpo está bem nutrido (como uma planta orgânica), ele tem um sistema de defesa que produz anticorpos de forma mais eficiente. A planta produz fitoquímicos. E, no caso de alimentos de origem animal, os orgânicos têm, comprovadamente, gordura de melhor qualidade, porque os animais criados organicamente têm a possibilidade de caminhar, ciscar, se movimentar. Aí também comparo conosco: quando fazemos exercícios regularmente, temos gordura corporal de melhor qualidade. Há várias pesquisas que comprovam que os alimentos orgânicos de origem animal (carnes, leites, ovos) têm taxas iguais de ômegas 3 e 6, maior teor de ácidos graxos insaturados e menores teores de ácidos graxos saturados. É bom ressaltar que o teor de gordura de proteína animal orgânica não é maior nem menor. É melhor.

PORTAL ORGÂNICO: São gorduras melhores para o nosso organismo absorver, é isso?

DRA. ELAINE AZEVEDO: A gordura insaturada eleva o nível de lipoproteína de alta densidade no sangue (HDL ou “colesterol bom”) e reduz o nível de lipoproteína de baixa densidade no sangue (LDL, ou “colesterol ruim”). Quando citei a relação entre ômegas 3 e 6, que é de um para um, isso indica também que a gordura é de melhor qualidade. A relação de equilíbrio entre os dois tipos de ácido linoléico (3 e 6) ajuda a evitar os problemas associados ao consumo excessivo de ômega 6 na dieta. Entre tais problemas estão as doenças cardíacas; a arteriosclerose; alguns tipos de câncer; hipertensão; colite e alguma doenças ósseas São assuntos bastante técnicos e o mais fácil é dizer: são alimentos que apresentam gordura de melhor qualidade, uma vez que o animal se exercita.

PORTAL ORGÂNICO: Há pesquisas que comprovam efetivamente tudo isso?

DRA. ELAINE AZEVEDO: Sim. Há várias que demonstram o teor aumentado de fitoquímicos e a qualidade da gordura animal. Em alguns vegetas pesquisados também foi comprovado o maior equilíbrio de minerais. No teor de proteínas, carboidratos e lipídios, porém, se fala em controvérsias na pesquisa. É uma controvérsia que, na verdade, não vai se diluir, porque não se esperam diferenças entre orgânicos e convencionais no quesito valor nutricional. E é um aspecto difícil de pesquisar. O simples transporte do alimento, a quantidade de luz solar ou água que a planta recebe já mudam o valor nutricional, então é um aspecto que precisa ter muito controle para a realização de estudos comparativos. Mas de qualquer maneira não é sob esse aspecto que se pode dizer: ah, é aí que os orgânicos se destacam. Não é por aí. Eu insisto que o valor nutricional não é o aspecto mais importante para definir a qualidade de um alimento. É muito reducionista.

Veja Mais




DONATION BITCOINS. THANKS
1M3yWP5jGxD25aNV5fH1pDSd3TH4Y7WPoU